Os registros históricos da confecção e utilização de tijolos datam desde a antiguidade, propriamente com a civilização da Mesopotâmia, por volta de 5.000 a.C., quando para a construção de sua arquitetura, como no caso dos Zigurates (espécie de templos) feitos pelos Sumérios, utilizaram tijolos queimados ao fogo para o seu interior e tijolos cozidos ao sol no seu exterior. Estes não eram apenas empregados nas construções, mas também como manifestação da arte deste povo através da técnica da pigmentação de tijolos esmaltados e vitrificados, como pode-se verificar no Portal de Ishtar (580 a.C.) e, também, na representação da figura humana que unia esta técnica com a do tijolo em alto relevo pigmentado e esmaltado, como é verificado no fragmento intitulado Friso dos Arqueiros (Foto de Capa), que hoje é acervo do museu do Louvre, que data circa 404/359 a.C. O tijolo nesta época era um material simbólico e muito precioso.
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Na Europa, o tijolo chegou tardiamente, já por volta do século I a.C., tendo grande empregabilidade na Roma antiga e, também, há registros na cidade de Pompéia, como na coluna dita estrelas datada circa 120 a.C.
Na Itália, em especifico, foi encontrado alguns tijolos com selo grego, atribuindo-se assim aos gregos a introdução deste material nesta região, sendo que, inicialmente, a maioria das técnicas de confecção usavam somente a terra crua, onde os romanos aprimoraram as técnicas e já deram andamento a confecção de tijolos cozidos para fazerem os fechamentos superiores dos muros das construções, como forma de proteger a terra crua das intempéries.
No período Imperial da Roma antiga, foram criadas novas leis que impediam as construções de serem executadas em terra crua, visto que as edificações tinham que ter paredes muito espessas, que eram de baixa resistência mecânica e de altíssima vulnerabilidade pela propriedade do material. Neste mesmo período em Roma, padronizou-se as dimensões do formato quadrado dos tijolos em 3 tipos diferentes.
Por volta do século XVI, verifica-se uma tendência de construir as edificações totalmente em tijolos, porém sempre considerando a linguagem clássica da arquitetura. A posteriori foram criadas várias teorias da composição dos tijolos por diversos arquitetos e construtores.
No período Barroco, foi eleita a técnica de tijolos maciços como estrutura homogênea das construções em decorrência dos fechamentos complexos deste estilo, os quais não seriam possíveis com a estrutura construtiva até então utilizada, denominada “a sacco”. Neste mesmo período, houve também grande desenvolvimento da técnica da confecção de tijolos na Turquia.
Finalmente no século XIX, se deu a catalogação de todas as regras de arte utilizadas até então na confecção dos tijolos, em conjunto com a nova necessidade de sistemas sanitários que exigiam ambientes mais amplos e de significativo conforto térmico. Foi somente na Grande Exposição de 1851, em Londres, que se apresentou uma casa modelo para uma família de quatro pessoas, adotando-se tijolos ocos interiormente. Para tanto, observa-se vários tipos de assentamentos históricos de tijolos, onde os mais comuns encontrados são: parede de meia vez, parede de uma vez, assentamento inglês, assentamento de espessuras superior a uma vez, assentamento gótico, assentamento belga e assentamento holandês. Estes fazem parte de um acervo histórico técnico da evolução da empregabilidade e funcionalidade dos tijolos na arquitetura.
Já aqui no Brasil, as técnicas de construção passaram por vários estágios até chegar ao tijolo como forma mais comum. No século XVI, no Brasil, a técnica construtiva utilizada basicamente era com pedras e a argamassa era composta de cal e areia ou o barro, onde não havia a cal. Para algumas construções, o uso da pedra seca sem argamassa também se tornou usual, porém estas possuíam paredes com espessuras que podiam variar de 0.60 a 1.00 mt.
Ao longo do período do Brasil Colonial (de 1500 a 1822), as técnicas construtivas mais utilizadas e comuns eram a taipa de pilão e a taipa de mão (pau a pique). A Taipa de mão (pau a pique) consiste em entrelaçar madeiras e/ou bambu amarrados por cipó ou outro tipo de material natural que dê para amarrar, formando uma trama, a qual é preenchida por uma mistura de barro com fibras naturais. Esta técnica, pelo baixo custo, era bem popular e menos resistente. Já a Taipa de Pilão consiste em amassar com um pilão o barro colocado em formas de madeiras, denominadas taipais, misturado com areia e fibras naturais. Esta técnica dá mais resistência e conforto as construções. Já as argamassas eram confeccionadas numa mistura da cal com areia ou barro, as quais eram empregadas como reboco nas construções.
Na São Paulo do período colonial, a taipa de pilão era o sistema mais utilizado nas construções, principalmente de prédios públicos e igrejas, devido ao seu baixo custo, resistência e durabilidade. Assim como em Minas Gerais, onde era imensamente empregada a taipa na construção das igrejas mais antigas e em algumas residências.
Outra técnica utilizada neste período era o Adobe, que é uma lajota feita de barro, com dimensão aproximada em 20x20x40cm, compactada manualmente em formas de madeira e colocada para secar a sombra durante vários dias e depois ao sol. O modo de assentamento se dá com barro e podiam receber um reboco feito de areia e cal para aumentar a durabilidade e resistência. Os tijolos diferenciam-se do Adobe por terem dimensões menores e, após o período da secagem a sombra, são levados a cozer em alta temperatura em fornos.
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Ainda neste mesmo período, tanto no Brasil quanto em Portugal, concomitantemente se experimentava e se utilizava a técnica da Cantaria para a construção de elementos da arquitetura que eram tidos como mais importantes. Esta técnica consiste em lavrar pedras em formas geométricas ou figurativas. Apesar da falta de mão de obra qualificada para esta técnica, se empregava como uma solução construtiva para elementos de destaque como frontões, pilastras, cornijas e frontispícios.
No caso do emprego de tijolos na construção, encontram-se registros desta técnica construtiva desde o século XVII na Bahia e, no ano de 1711, tem-se registro de uma olaria em Ouro Preto. Mas épropriamente a partir do século XIX que a alvenaria feita com assentamento de tijolos ganha um caráter mais usual e popular, decorrente da evolução da técnica de feitio e cozedura a altas temperaturas em fornos.
Desta forma, por sua resistência e durabilidade, não havia necessidade de revestimento com argamassa, ficando muitas vezes aparentes, o que gerava também uma economia. Vemos muitas casas, principalmente fora de grandes centros, que datam do final do século XIX e inicio do século XX com tijolos aparentes, mas estes ainda faziam parte da alvenaria da casa.
Já em meados do século XX, com o aprimoramento do cimento, o modo de assentar tijolos com barro foi substituído por cimento, o que causava uma resistência imensa das paredes e, ao mesmo tempo, trazia mais conforto térmico e redução na espessura das paredes, pois a “amarração” da obra era feita com ferro e concreto.
Com a melhoria do acabamento dos tijolos feitos no Brasil, a partir da década de 1920, os arquitetos, influenciados pelas casas britânicas, começaram a trazer a idéia do uso de tijolos aparentes para as casas brasileiras. A partir disto e do desenvolvimento de outras técnicas de construção, os tijolos artesanais deixaram de ser vantajosos para se erigir paredes. Sua empregabilidade passou de um produto essencial na construção civil para um produto nobre e de luxo, exclusivamente para revestimento.
As olarias, como a Olaria Spina, começaram a desenvolver outros modelos, cores e formas para atender as demandas do mercado.